sábado, 3 de maio de 2008

Julgando um Livro pela Orelha e Outro pelo Conteúdo.



Essa semana li ”A Indústria do Holocausto” de Norman G. Finkelstein e tinha em mente escrever minhas considerações sobre a obra, porém ontem, de bobeira na Livraria Saraiva passei por um livro intitulado "A Volta do Idiota" de Plínio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa, prólogo de Mário Vargas Llosa como bônus, o nome de Llosa envolvido em algo de teor político nunca é um bom sinal, mas como não acho correto julgar o livro pela capa, mesmo que seja uma capa sensacionalista onde aparecem os rostos de lideres sul americanos em peças de quebra cabeças, resolvi dar uma folheada, na orelha do livro um artigo que Álvaro Llosa (que provavelmente tem algum parentesco com o autor peruano do prólogo) escreveu pra Revista Veja (ótimas referencias tem nosso amigo, hem) não me decepcionou, todas as pérolas da direita neoliberal estavam naquele simples artigo, até fico curioso pra saber como conseguiram completar um livro de 240 páginas, já que a orelha por si só consegue contemplar a maioria dos argumentos toscos que estamos cansados de ouvir desse tipo de gente, como não devemos subestimar idiotas (sem trocadilhos) provavelmente eles devem ter um monte de novas estatísticas forjadas e manipuladas para convencer incautos sobre as vantagens das economias de mercado e do bem que as privatizações podem fazer aos países latinos americanos, estão aí as privatizações de FHC que não os deixam mentir, não é verdade? Daí me bateu a dúvida: escrever sobre o livro do Finkelstein? Sobre esse outro livro que nem li? A respeito dos dois? ou sobre o filme da Hannah Montana? Resolvi então escrever só um texto para os dois livros e assim não ficar parecendo que sou monotemático, escrevendo duas vezes sobre livros, mesmo que livros diferentes. Até porque pretendo falar sobre o paradeiro dos candidatos das eleições de 1989 da próxima vez que me lembrar que tenho um blog.

Comecemos então sobre a orelha de "A Volta do Idiota", digo logo que não sou um desses entusiastas de Chavez e da maioria desses populistas da América Latina, considero suas políticas insuficientes e detesto governos que se pautam pelo personalismo, pois isso sempre foi desculpa para tiranos se apossarem da cadeira presidencial e de lá não tirar a bunda, porém o que critico no artigo são a má fé e a desonestidade intelectual de culpar esses governantes por problemas que não foram eles que criaram e que em sua maioria tem como principal responsável governos antecessores que usavam, quase sempre, um verniz democrático, mas nunca se constrangeram em usar a truculência quando era necessário reprimir revoltas ou esmagar adversários. Veja o exemplo da Venezuela, o que os governos anteriores a Chavez fizeram para atender as demandas da parte miserável da população que nunca foi pequena? Quem viu "A Revolução não Será Televisionada" sabe que igualdade social e distribuição de renda nunca fizeram parte do vocabulário da elite venezuelana, que derrubar Chavez atende apenas a interesse em restaurar o poder aos burocratas do petróleo que sempre se refestelaram com as mamatas governamentais e agora choram essa perda. O autor do artigo tem o displante de acusar esses governantes de serem responsáveis por entre outros a fuga em massa de pessoas pra América do Norte em busca de subempregos e pela pobreza da população, como se ambos fossem fenômenos novos e que pessoas não morressem há décadas tentando entrar nos Estados Unidos ilegalmente para viver o sonho americano e como se antes desses governos ditos de esquerda a fartura e prosperidade fossem comuns na Bolívia, Venezuela, Peru e outros países do lado de cá.

Llosa começa o artigo dizendo o seguinte:
"Durante o século XX, os líderes populistas da América Latina levantaram bandeiras marxistas, praguejaram contra o imperialismo e prometeram tirar seus povos da pobreza. Sem exceção, todas essas políticas e ideologias fracassaram, o que levou ao recuo dos homens fortes. Agora, uma nova geração de revolucionários tenta ressuscitar os métodos ineficazes de seus antecessores."Faltou, porém, apontar os bem sucedidos exemplos de governos de direita e por fim faltou citar exemplos, além de Cuba, em que foram implantadas essas políticas de bandeira marxista. Pelo que sei a América Latina conviveu quase a totalidade do século XX com políticos de direita, mesmo outros “pai dos pobres” como Getúlio Vargas e Perón eram conservadores e sua fama advém apenas de políticas assistencialistas, nos poucos casos em que governantes de esquerda conseguiram algum destaque a CIA foi muito eficaz em seus planos para tirá-los do poder e colocar tiranos sanguinários no lugar, sendo que Salvador Allende do Chile sendo assassinado em pleno palácio presidencial para ser substituído pelo “dócil” Augusto Pinochet (3200 é o número de mortos e desaparecidos durante seu governo segundo institutos de direitos humanos) é o caso mais emblemático.

Quanto à "Indústria do Holocausto" foi uma grata surpresa descobrir que eu não estava sendo injusto quando desconfiava que judeus capitalizam em cima do Holocausto. Já estava cansado de filmes, livros, reportagens todo tempo nos lembrando do martírio do pobre povo descendente de Abraão nos campos de extermínio de Hitler, enquanto que outros massacres são esquecidos ou ignorados, Finkelstein não é nenhum neonazista idiota ou um revisionista limitado como se poderia esperar, mas alguém cuja família foi quase toda exterminada em campos de concentração, ele não nega o holocausto, o que ele critica é a forma sensacionalista como fazem sua memória. Ressalta que as indenizações, conseguidas através de chantagem contra banqueiros suíços e industriais alemães, apesar de justas são inflacionadas e não estão indo para o bolso de quem deveria (ou seja, as vitimas) mas para organizações judaicas que não costumam ter pressa em distribuir todas essas fortunas, apenas em gastar com museus, monumentos e pagamentos de honorários a seus colaboradores, questiona ainda o fato dos Estados Unidos terem boa vontade em apoiar os judeus em suas ações mas não possuem o mesmo ímpeto para indenizar as vitimas da escravidão, os índios que tiveram antepassados dizimados durante a conquista do oeste, reconstruir paises que foram destruídos em suas guerras ou ainda devolver a esses mesmos judeus dinheiro da época do holocausto que ficaram perdidos em seus bancos.

O autor utiliza se de dados em sua maioria com fontes nos rodapés do livro para provar que a indústria do holocausto transformou o sofrimento de milhões de vitimas inocentes em uma ideologia que serve para justificar a perseguição contra os palestinos e que procura transformar o evento em “O Holocausto” minimizando todos os outros genocídios que já ocorreram e ainda ocorrem e esquecendo que não só eles sofreram perseguição de Hitler, além deles, ciganos, homossexuais, Testemunhas de Jeová e todas as raças fora dos padrões dos nazistas foram levados a campos de concentração. As criticas ao livro dizem que ele é perigoso pois pode incitar movimentos anti-semitas, mas não refutam seus argumentos. Ora, quem deve cuidar dos neonazistas é a policia, isso não impede que denúncias sejam feitas para minimizar os artifícios dos sionistas.

Nenhum comentário: