domingo, 25 de maio de 2008

Fortaleza Digital

Até hoje não li “Código da Vinci”, nem sei bem porque, talvez porque na época do hype eu não andava com muito tempo para dedicar a livro ou talvez porque nunca tenha ficado muito empolgado, o fato é que o tempo passou, acabaram fazendo a versão para o cinema, daí vi o filme e não achei tão grande coisa e mesmo sabendo que livros e filmes geralmente são diferentes (que o diga Hitchcock e sua teoria que livros ruins podem gerar excelentes filmes) acabei não tendo urgência em conhecer a obra. Esses dias porém, calhou de outro livro de Dan Brown cair em minhas mãos, no caso “Fortaleza Digital”, a história gira em torno de uma agencia de segurança do governo americano (NSA) que tem como principio espionar as correspondências eletrônicas da população para descobrir planos terroristas ou de sabotagem. O problema é que um ex- agente insatisfeito com a quebra de privacidade que isso pode gerar cria um código de encriptação que o supercomputador da agencia não consegue decifrar, daí começa uma trama batida, cheia de reviravoltas previsíveis e coincidências inverossímeis em que o autor parece não ter o mínimo constrangimento em copiar Sidney Sheldon.

Olhemos o festival de obviedades, Susan a protagonista é a bonita e inteligente chefa do Departamento de Criptografia da NSA que diante de uma chamada urgente de seu chefe vai a agencia no seu dia de folga para que possam tentar desvendar o código. Enquanto isso seu namorado David é enviado a Espanha para encontrar um anel que o ex agente cujo nome era Tankado usava quando foi morto por lá e em que provavelmente consta a chave para o mistério, não precisa ser um gênio para prever que esse anel irá passar de mão em mão e que David acabará descobrindo uma por uma dessas pessoas, aí é que a trama fica extremamente parecida com um livro de Sheldon intitulado “Juízo Final” em que um detetive roda a Europa para descobrir as pessoas que foram testemunhas da queda de um suposto balão metereologico, sem nenhuma pista inicial ele tem que descobrir quem são essas pessoas e onde vivem já que as testemunhas estavam em um ônibus turístico, acontece que outros agentes foram enviados sem que ele soubesse para eliminar essas testemunhas assim que ele as encontrasse até que o próprio detetive passa a ser o alvo, o mesmo acontece com David, a medida que ele vai encontrado as pessoas por quem o anel passou essas pessoas vão sendo mortas uma a uma pelo mesmo assassino que deu fim a Tankado e findo o trabalho esse passa a caçar David, se a originalidade parece pouca acrescente o fato que - a partir daqui tem spoiler, só continue se não se importar em estragar a dita surpresa – quem enviou David é o mandante dos crimes da mesma forma que no livro do meu xará.

Outro problema do livro é de querer colocar a quebra da privacidade das pessoas como algo necessário e que as pessoas da agencia só o fazem para proteger o mundo. Como o próprio Tankado diz se eles são os guardiões “quem guardará os guardiões?” No fim o código é descoberto apenas alguns segundos antes do programa de Tankado liberar todos os segredos da agencia pros Hackers do mundo, todos ficam felizes e ainda temos tempo para mais uma descoberta que não muda nada na história e parece ter sido adicionada apenas para não acabar tudo de forma tão chocha. Trama rasa, personagens de pouco carisma, red shirts*e citações cientificas para dar mais charme (o autor é bom em pesquisa) esses são os ingredientes de “Fortaleza Digital” que se fosse um filme provavelmente seria programado pro Supercine, creio que Código da Vinci siga o mesmo rumo e só ficou tão famoso por mexer com um tema tabu, no caso religião.


* Red Shirts – Personagens que aparecem em séries apenas com a função de morrer, o termo se originou da série Jornada nas Estrelas onde esses personagens usavam camisa vermelha.

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