domingo, 27 de julho de 2008

Cinderela Baiana

Carla Perez apareceu para o cenário nacional dançando no grupo Gera Samba, um grupo que não parecia ser nada mais do que mais um das centenas que a Bahia produz todo ano pros carnavais, e não era mesmo, porém a indústria fonográfica vendo cheiro de dinheiro resolveu trazer alguns desses grupos para as luzes da ribalta e nessa época a TV foi invadida por grupos como Companhia do Pagode, Gera Samba entre outros. O forte dessas bandas eram músicas descartáveis e erotizantes geralmente com duplo sentido como "Boquinha da Garrafa", "É o Tchan", "Dança do Bumbum" e por aí vai. Além dos “cantores” eram compostos sempre por dançarinas de shorts minúsculos e Carla Perez era apenas mais uma delas que sabe se lá por qual motivo foi alçada a condição de "estrela". Se destacando mais do que o restante do grupo resolveu sair para tentar a sorte em outras empreitadas, não sem antes o grupo promover um concurso para a escolha da nova loira do Tchan em rede nacional no programa do Faustão.

Ela até conseguiu emplacar um ou outro projeto, um deles foi um programa de televisão onde disse que escola se escrevia com i, mas seu mais inusitado trabalho foi protagonizar um filme que entrou para os anais da produção nacional, sabe se lá quem foi o esperto que achou que ela podia atuar no cinema e convocou o diretor Conrado Sanchez para dirigi-la, diretor com um currículo invejável diga se de passagem, sua página do IMDB parece mais uma folha corrida de delegacia com títulos como "A menina e o Cavalo", "A menina e o estuprador" e "Como afogar o ganso". Sobre o filme, intitulado Cinderela Baiana, conta a história de uma garota pobre do sertão cujo pai muda pra Salvador para trabalhar em um escritório de contabilidade. O filme se divide em duas fases, a primeira lembra um "Vidas Secas" mal dirigido ou um "Dois Filhos de Francisco" com orçamento menor, que me desculpem os responsáveis por esses filmes pela comparação. Acompanhamos a infância da garota correndo atrás para ganhar uns trocados tapando buracos pros motoristas na estrada, sua mãe está doente e seu pai tem que ir pra cidade trabalhar, ela adora dançar e não pode ouvir uma música que começa a requebrar, mas ainda tem que ajudar a mãe a tentar conseguir esmolas para comer. A cena mais dramática (ou pelo menos é o que tentaram passar) se dá quando a mãe tem a pá destruída por um garoto maldoso e grita um não sentido que ecoa por toda a cidade. Sabe se lá se por isso ou por qual motivo que o filme não explica logo depois o pai chega em casa e encontra o velório da mãe. Diante do corpo da mulher ele jura que fará da garota alguém de quem ela irá se orgulhar, será que ela teria orgulho de ver a filha posando pra Playboy e mostrando a Bunda em rede nacional?

Daí o filme entra em sua segunda fase, quando já na cidade e crescida Carla mora em uma favela com casas de pau a pique e seu pai está se dando bem no emprego, aliás, ele só pode ser um exemplo de que quem luta consegue chegar lá já que começa como continuo e termina o filme como dono do escritório de Contabilidade, nessa segunda fase aparecem os dois únicos atores conhecidos do filme e talvez os dois únicos que possam levar o nome de atores já que a interpretação dos demais parece teatrinho de colégio, Perry Sales que provavelmente estava em decadência e precisando pagar o aluguel faz o empresário picareta que descobre a menina. E pensar que o cara já fez novelas na Globo e foi casado com Vera Fischer em tempos melhores. O outro ator conhecido é Lazaro Ramos que estava em inicio de carreira, quando trabalhar em cinema sério e na Vênus Platinada devia ser apenas mais um sonho. Ele faz o malandro boa praça que ajuda a garota quando ela mais precisava, lembra até de leve seu personagem mais famoso, Foguinho da novela "Cobras e Lagartos”. Claro que hoje em dia deve corar quando comentam sobre esse trabalho. O filme ainda conta com Alexandre Pires, do grupo Só pra Contrariar, na época namorado da dançarina, o pagodeiro totalmente sem naturalidade ainda protagoniza uma das cenas de luta mais falsas que já vi, mas para quem já cantou e chorou de emoção diante de George W. Bush esse filme é uma vergonha menor.

Mostrando uma Bahia onde todo lugar só tem rodas de dança, capoeira e Macumba o filme parece um grande clip, e não posso dizer que é o pior filme nacional porque Xuxa e Didi costumam produzir porcarias no mesmo nível, o problema é que esses dois já possuem um tempo de estrada e ela era apenas mais um desses sucessos de verão com data de validade limitada, tanto que hoje em dia já está indo pro limbo do esquecimento, se tornou apenas mais uma participante de programas de domingo à tarde.

domingo, 25 de maio de 2008

Fortaleza Digital

Até hoje não li “Código da Vinci”, nem sei bem porque, talvez porque na época do hype eu não andava com muito tempo para dedicar a livro ou talvez porque nunca tenha ficado muito empolgado, o fato é que o tempo passou, acabaram fazendo a versão para o cinema, daí vi o filme e não achei tão grande coisa e mesmo sabendo que livros e filmes geralmente são diferentes (que o diga Hitchcock e sua teoria que livros ruins podem gerar excelentes filmes) acabei não tendo urgência em conhecer a obra. Esses dias porém, calhou de outro livro de Dan Brown cair em minhas mãos, no caso “Fortaleza Digital”, a história gira em torno de uma agencia de segurança do governo americano (NSA) que tem como principio espionar as correspondências eletrônicas da população para descobrir planos terroristas ou de sabotagem. O problema é que um ex- agente insatisfeito com a quebra de privacidade que isso pode gerar cria um código de encriptação que o supercomputador da agencia não consegue decifrar, daí começa uma trama batida, cheia de reviravoltas previsíveis e coincidências inverossímeis em que o autor parece não ter o mínimo constrangimento em copiar Sidney Sheldon.

Olhemos o festival de obviedades, Susan a protagonista é a bonita e inteligente chefa do Departamento de Criptografia da NSA que diante de uma chamada urgente de seu chefe vai a agencia no seu dia de folga para que possam tentar desvendar o código. Enquanto isso seu namorado David é enviado a Espanha para encontrar um anel que o ex agente cujo nome era Tankado usava quando foi morto por lá e em que provavelmente consta a chave para o mistério, não precisa ser um gênio para prever que esse anel irá passar de mão em mão e que David acabará descobrindo uma por uma dessas pessoas, aí é que a trama fica extremamente parecida com um livro de Sheldon intitulado “Juízo Final” em que um detetive roda a Europa para descobrir as pessoas que foram testemunhas da queda de um suposto balão metereologico, sem nenhuma pista inicial ele tem que descobrir quem são essas pessoas e onde vivem já que as testemunhas estavam em um ônibus turístico, acontece que outros agentes foram enviados sem que ele soubesse para eliminar essas testemunhas assim que ele as encontrasse até que o próprio detetive passa a ser o alvo, o mesmo acontece com David, a medida que ele vai encontrado as pessoas por quem o anel passou essas pessoas vão sendo mortas uma a uma pelo mesmo assassino que deu fim a Tankado e findo o trabalho esse passa a caçar David, se a originalidade parece pouca acrescente o fato que - a partir daqui tem spoiler, só continue se não se importar em estragar a dita surpresa – quem enviou David é o mandante dos crimes da mesma forma que no livro do meu xará.

Outro problema do livro é de querer colocar a quebra da privacidade das pessoas como algo necessário e que as pessoas da agencia só o fazem para proteger o mundo. Como o próprio Tankado diz se eles são os guardiões “quem guardará os guardiões?” No fim o código é descoberto apenas alguns segundos antes do programa de Tankado liberar todos os segredos da agencia pros Hackers do mundo, todos ficam felizes e ainda temos tempo para mais uma descoberta que não muda nada na história e parece ter sido adicionada apenas para não acabar tudo de forma tão chocha. Trama rasa, personagens de pouco carisma, red shirts*e citações cientificas para dar mais charme (o autor é bom em pesquisa) esses são os ingredientes de “Fortaleza Digital” que se fosse um filme provavelmente seria programado pro Supercine, creio que Código da Vinci siga o mesmo rumo e só ficou tão famoso por mexer com um tema tabu, no caso religião.


* Red Shirts – Personagens que aparecem em séries apenas com a função de morrer, o termo se originou da série Jornada nas Estrelas onde esses personagens usavam camisa vermelha.

sábado, 24 de maio de 2008

Eleições 1989

As eleições de 1989 foram um marco, as primeiras eleições diretas para presidente após a redemocratização ficaram marcadas por ter uma enxurrada de candidatos, 22, e dizem ter sido a eleição que a Globo decidiu. Explica-se, acusam a Globo de ter sido favorável a Fernando Collor, inclusive mostrando no Jornal Nacional as piores partes de Lula (sim, ele já era candidato nessa época) e as melhores do candidato alagoano no debate organizado em conjunto pelas emissoras de TV, outras denuncias viam más intenções nas novelas da época como “Salvador da Pátria”, em que Lima Duarte vivia Sassá Mutema, um cara simples e bem intencionado que se tornava político, mas por sua ingenuidade era manipulado por pessoas inescrupulosas, os petistas diziam que Sassá Mutema seria uma referencia a Lula e o que aconteceria caso ele se elegesse, o fato é que os candidatos das outras coligações também achavam que o personagem lembrava o Lula, mas Sassá Mutema era um personagem simpático e a referencia ao candidato seria positiva, até porque os telespectadores não tinham essa malicia toda para interpretar o enredo, houve reclamação e a emissora teve que fazer algumas mudanças no enredo. Em outra novela intitulada “Que Rei Sou Eu?”, Jean Pierre (Edson Celulari), herdeiro do trono do reino de Avilan, tem que lutar contra os poderosos para conquistar o trono que é seu por direito e que havia sido entregue a um mendigo hipnotizado por Ravengar(Antonio Abujamra), mago da corte, dizem que o personagem seria a personificação de Collor que se autoproclamava Caçador de Marajás, uma campanha subliminar ao candidato. A emissora até hoje nega todas as acusações, obviamente, mas o que se sabe é que se na época a Globo ainda conseguia influenciar em alguma coisa, hoje em dia ela tem bem menos força política, pois a concorrência de outras emissoras é mais significativa e as pessoas estão bem mais informadas e instruídas (o que não impede a eleição de Clodovil e Frank Aguiar, mas isso é outra história).

Visto assim de longe, através de vídeos no youtube aquelas eleições mais pareciam um circo de horrores, tinha todo tipo de maluco, um tal de Marronzinho que deixava Enéas no chinelo em matéria de bizarrice e se a vitória de Collor não foi algo muito agradável, resta o consolo de que uma eleição com Ronaldo Caiado(meu conterrâneo, infelizmente), Paulo Maluf e Afif como candidatos poderia ter um resultado muito pior. Até Silvio Santos tentou de tudo para se candidatar naquela época, comprou a candidatura de um pastor e, como as cédulas já estavam impressas ficava explicando no horário eleitoral que quem quisesse votar nele tinha que marcar no nome do outro candidato, bons tempos aqueles, se ele ganhasse muito provavelmente teriamos Hebe Camargo, Ronald Golias e Gugu Liberato em ministérios e o SBT seria porta voz do presidente, como sua candidatura foi impugnada a Globo fez esse papel até que o “caçador de marajás” começou a afundar no mar de lama de seu governo.

Eu tinha 8 anos na época e não entendia grandes coisas de política, prova disso é que eu torcia por Fernando Collor de Melo, a imagem do sapo barbudo era meio assustadora para uma criança daquela idade, na verdade eu queria mais era que o horário político acabasse logo para ver a novela até porque eu ainda não votava. Dei uma pesquisada para descobrir o que esse pessoal (os candidatos da época) anda fazendo hoje em dia.

Eleições 1989
Fernando Collor de Mello-É senador por Alagoas

Luiz Inácio Lula da Silva-Atual Presidente da República

Leonel Brizola – Faleceu em 21 de junho de 2004 de insuficiência respiratória

Mario Covas – Faleceu em seis de março de 2002, de câncer na bexiga.

Paulo Maluf - Responde por vários processos, mas continua ganhando eleições. Hoje em dia é deputado federal por São Paulo.

Guilherme Afif Domingos – Foi derrotado por Suplicy na eleição pro Senado em 2006, atualmente é Secretario do Trabalho e Emprego de São Paulo.

Ulysses Guimarães – Morreu em acidente de helicóptero em 1992.

Roberto Freire – Atua como Presidente Nacional do PPS e é primeiro - suplente do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)

Aureliano Chaves – Faleceu em 1° de maio de 2003 de falência múltipla dos órgãos.

Ronaldo Caiado – Deputado Federal por Goiás.

Affonso Camargo – Deputado Federal pelo Paraná

Enéas – Faleceu em 2007 de Leucemia

Marronzinho – Se tornou evangélico, edita um jornal on-line e hoje atende como Jamo Little Brown

P.G. - Portador de Esclerose Lateral Amiotrofica, faleceu em 20 de junho de 2002.

Zamir – Até onde consegui apurar continua atuando como empresário em Campo Mourão – PR e andou fazendo alguns investimentos no Acre.

Lívia Maria-Em 2006 entrou com representação junto com o seu partido PHS contra o PSOL e sua candidata a presidente Heloisa Helena por essa ter se intitulado primeira candidata mulher, não conseguiu o direito de resposta solicitado.

Eudes Mattar – É especialista em sustentabilidade, vive de palestras e das aulas na Universidade Santa Ursula no RJ.

Fernando Gabeira – Deputado Federal pelo PV-RJ

Celso Brant – Faleceu em 24 de abril de 2004

Pedreira – Apareceu em 2005 durante os escândalos dos Correios como interlocutor de Mauricio Marinho e esteve na briga para sair candidato pelo PMDB nas eleições de 2006.

Manuel Horta – Ninguém sabe ninguém viu, agradeço se alguém tiver alguma informação relevante.

Candidatos cujas eleições foram invalidadas

Armando Correa – Outro que não se tem mais noticias, era pastor e se não morreu deve estar nesse mesmo caminho.

Silvio Santos – É dono da (por enquanto) segunda emissora em audiência do país e se diverte mudando sua programação ao seu bel prazer, além disse é dono de bancos e diversos outros empreendimentos.



sábado, 17 de maio de 2008

Bulliyng

Carrie, A Estranha, filme que revi hoje deveria ser louvado tanto por ser um excelente filme de terror quanto por tratar de um assunto que talvez devesse uma maior atenção da mídia, o buliyng que, para quem não sabe, são agressões físicas e psicológicas que algumas crianças impõem a outras por algum motivo que torna os segundos diferentes dos primeiros, as agressões podem ser por diversos motivos, a criança ser mais fraca, mais gorda, mais feia, usar óculos ou aparelhos ortodônticos, ter alguma deficiência física entre outros. O caso é sério e pode estar entre os motivadores dos massacres ocorridos em escolas americanas como o que ocorreu em Columbine, enquanto Hollywood parece querer vender a imagem de que os tempos de escola são anos dourados para todos os alunos, sempre é bom lembrar daqueles que passam o primário e o colegial como excluídos.

Falo por experiência própria, sempre fui um menino fraco e raquítico, e estudava em uma escola tipicamente suburbana com garotos de todo tipo, tenho um ex- colega que até matou uma garota alguns anos depois, sofri todo tipo de humilhação e apanhei muito, pois nunca fui muito bom em defesa pessoal, na época tinha vontade de ter poderes para poder me vingar de um por um como fez a Carrie, como Deus não me deu o dom da telecinese acabei não podendo por meus planos em prática, também já tive ganas de matar um garoto que me provocou certa vez, até planejei como faria para envenenar seu lanche, por sorte eu nunca fui um garoto de muita ação, sempre protelei as coisas e isso salvou a vida do rapaz já que com o tempo a raiva passava e eu acabava deixando pra lá. O fato é que nenhuma criança desperdiça a oportunidade de poder abusar dos mais fracos, até eu nunca me constrangi em passar de vitima a algoz quando tinha oportunidade de humilhar os poucos que eram ainda mais fracos que eu, e esses também abusavam quando traziam primos e irmãos para se vingar, tudo corria em um circulo vicioso.

No fim o que parece ser uma bobagem que deve ser cuidado entre os próprios garotos pode trazer seqüelas muitas vezes irreversíveis, tanto para vitimas quanto para “carrascos”. Os primeiros podem crescer com complexo de inferioridade e necessidade de aceitação que os torna adultos limitados e pouco críticos, se isso não parece ser grandes coisas em alguns casos mais graves podem cair em depressão, cometer suicídio ou materializar algum desejo de vingança que dificilmente se dá da forma idealizada e até divertida que vemos em filmes adolescentes. Entre os ditos “carrascos” creio que assassinato de índios, espancamento de empregadas e agressões a travestis podem servir de exemplo do que essas pessoas podem fazer quando se tornarem adultas. Hoje em dia já tenho um relacionamento normal com a maioria dos que me tiranizavam na época, porém sei que não são todas as crianças que conseguem amadurecer o bastante para passar essa página de sua vida e isso pode ter conseqüências trágicas. Mesmo não guardando grandes mágoas sei que muito da minha personalidade está intimamente ligado a esse passado, a dificuldade em olhar nos olhos das pessoas, a necessidade de ser aceito, desconfiança das verdadeiras intenções de quem se aproxima querendo ser meu amigo e individualismo são algumas das características que ganhei de herança disso.


Alguns filmes interessantes sobre o assunto:

Carrie – A Estranha de Brian de Palma-Tendo sido o motivador para o desenvolvimento desse texto o filme(baseado em um romance de Stephen King) mostra uma garota que possue poderes paranormais, ela até tenta se encaixar na turma, mas as garotas a excluem e o fato de viver com uma mãe fanática religiosa não ajuda muito. Depois de ser humilhada no baile da escola ela acaba matando a todos que estão no salão. Extremista? Talvez. Mas não tenho como mentir que sinto certo prazer em vê-la fazendo o carro do John Travolta e sua namorada(autores da armação contra Carrie) dar várias voltas e explodir logo a frente.

Elefante de Gus Van Sant - Inspirado nos muito comuns massacres em escolas norte americanas esse filme mostra de forma quase documental um dia de vários estudantes em uma escola que seria em breve vitima de um desses ataques que tanta comoção causam. Sem julgamentos o diretor vai mostrando todos os personagens, inclusive os assassinos (nerds que vivem sendo atormentados por outros colegas), e deixa livre para cada um tirar suas conclusões sobre o que aconteceu. A cena do Freezer também me deixou um pouco com a alma lavada.

Bem vindo à casa de Bonecas – de Todd Solondz. Um filme difícil de ser encontrado, nunca foi lançado em DVD por aqui e eu só vi há muitos anos atrás na madrugada da Globo. Basicamente, mostra a vida de uma garota feia e desajeitada que é humilhada por todos e que tem como único amigo outro garoto que também é desprezado na escola, os dois não se preocupam em humilhar um ao outro sempre que têm oportunidade. O filme não é engraçado como pode parecer, é na verdade bem ácido como todos os filmes de Solondz e não se importa em mostrar que crianças dificilmente são fofinhas e sociáveis como nos filmes, na verdade elas são bem cruéis.

sábado, 3 de maio de 2008

Julgando um Livro pela Orelha e Outro pelo Conteúdo.



Essa semana li ”A Indústria do Holocausto” de Norman G. Finkelstein e tinha em mente escrever minhas considerações sobre a obra, porém ontem, de bobeira na Livraria Saraiva passei por um livro intitulado "A Volta do Idiota" de Plínio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa, prólogo de Mário Vargas Llosa como bônus, o nome de Llosa envolvido em algo de teor político nunca é um bom sinal, mas como não acho correto julgar o livro pela capa, mesmo que seja uma capa sensacionalista onde aparecem os rostos de lideres sul americanos em peças de quebra cabeças, resolvi dar uma folheada, na orelha do livro um artigo que Álvaro Llosa (que provavelmente tem algum parentesco com o autor peruano do prólogo) escreveu pra Revista Veja (ótimas referencias tem nosso amigo, hem) não me decepcionou, todas as pérolas da direita neoliberal estavam naquele simples artigo, até fico curioso pra saber como conseguiram completar um livro de 240 páginas, já que a orelha por si só consegue contemplar a maioria dos argumentos toscos que estamos cansados de ouvir desse tipo de gente, como não devemos subestimar idiotas (sem trocadilhos) provavelmente eles devem ter um monte de novas estatísticas forjadas e manipuladas para convencer incautos sobre as vantagens das economias de mercado e do bem que as privatizações podem fazer aos países latinos americanos, estão aí as privatizações de FHC que não os deixam mentir, não é verdade? Daí me bateu a dúvida: escrever sobre o livro do Finkelstein? Sobre esse outro livro que nem li? A respeito dos dois? ou sobre o filme da Hannah Montana? Resolvi então escrever só um texto para os dois livros e assim não ficar parecendo que sou monotemático, escrevendo duas vezes sobre livros, mesmo que livros diferentes. Até porque pretendo falar sobre o paradeiro dos candidatos das eleições de 1989 da próxima vez que me lembrar que tenho um blog.

Comecemos então sobre a orelha de "A Volta do Idiota", digo logo que não sou um desses entusiastas de Chavez e da maioria desses populistas da América Latina, considero suas políticas insuficientes e detesto governos que se pautam pelo personalismo, pois isso sempre foi desculpa para tiranos se apossarem da cadeira presidencial e de lá não tirar a bunda, porém o que critico no artigo são a má fé e a desonestidade intelectual de culpar esses governantes por problemas que não foram eles que criaram e que em sua maioria tem como principal responsável governos antecessores que usavam, quase sempre, um verniz democrático, mas nunca se constrangeram em usar a truculência quando era necessário reprimir revoltas ou esmagar adversários. Veja o exemplo da Venezuela, o que os governos anteriores a Chavez fizeram para atender as demandas da parte miserável da população que nunca foi pequena? Quem viu "A Revolução não Será Televisionada" sabe que igualdade social e distribuição de renda nunca fizeram parte do vocabulário da elite venezuelana, que derrubar Chavez atende apenas a interesse em restaurar o poder aos burocratas do petróleo que sempre se refestelaram com as mamatas governamentais e agora choram essa perda. O autor do artigo tem o displante de acusar esses governantes de serem responsáveis por entre outros a fuga em massa de pessoas pra América do Norte em busca de subempregos e pela pobreza da população, como se ambos fossem fenômenos novos e que pessoas não morressem há décadas tentando entrar nos Estados Unidos ilegalmente para viver o sonho americano e como se antes desses governos ditos de esquerda a fartura e prosperidade fossem comuns na Bolívia, Venezuela, Peru e outros países do lado de cá.

Llosa começa o artigo dizendo o seguinte:
"Durante o século XX, os líderes populistas da América Latina levantaram bandeiras marxistas, praguejaram contra o imperialismo e prometeram tirar seus povos da pobreza. Sem exceção, todas essas políticas e ideologias fracassaram, o que levou ao recuo dos homens fortes. Agora, uma nova geração de revolucionários tenta ressuscitar os métodos ineficazes de seus antecessores."Faltou, porém, apontar os bem sucedidos exemplos de governos de direita e por fim faltou citar exemplos, além de Cuba, em que foram implantadas essas políticas de bandeira marxista. Pelo que sei a América Latina conviveu quase a totalidade do século XX com políticos de direita, mesmo outros “pai dos pobres” como Getúlio Vargas e Perón eram conservadores e sua fama advém apenas de políticas assistencialistas, nos poucos casos em que governantes de esquerda conseguiram algum destaque a CIA foi muito eficaz em seus planos para tirá-los do poder e colocar tiranos sanguinários no lugar, sendo que Salvador Allende do Chile sendo assassinado em pleno palácio presidencial para ser substituído pelo “dócil” Augusto Pinochet (3200 é o número de mortos e desaparecidos durante seu governo segundo institutos de direitos humanos) é o caso mais emblemático.

Quanto à "Indústria do Holocausto" foi uma grata surpresa descobrir que eu não estava sendo injusto quando desconfiava que judeus capitalizam em cima do Holocausto. Já estava cansado de filmes, livros, reportagens todo tempo nos lembrando do martírio do pobre povo descendente de Abraão nos campos de extermínio de Hitler, enquanto que outros massacres são esquecidos ou ignorados, Finkelstein não é nenhum neonazista idiota ou um revisionista limitado como se poderia esperar, mas alguém cuja família foi quase toda exterminada em campos de concentração, ele não nega o holocausto, o que ele critica é a forma sensacionalista como fazem sua memória. Ressalta que as indenizações, conseguidas através de chantagem contra banqueiros suíços e industriais alemães, apesar de justas são inflacionadas e não estão indo para o bolso de quem deveria (ou seja, as vitimas) mas para organizações judaicas que não costumam ter pressa em distribuir todas essas fortunas, apenas em gastar com museus, monumentos e pagamentos de honorários a seus colaboradores, questiona ainda o fato dos Estados Unidos terem boa vontade em apoiar os judeus em suas ações mas não possuem o mesmo ímpeto para indenizar as vitimas da escravidão, os índios que tiveram antepassados dizimados durante a conquista do oeste, reconstruir paises que foram destruídos em suas guerras ou ainda devolver a esses mesmos judeus dinheiro da época do holocausto que ficaram perdidos em seus bancos.

O autor utiliza se de dados em sua maioria com fontes nos rodapés do livro para provar que a indústria do holocausto transformou o sofrimento de milhões de vitimas inocentes em uma ideologia que serve para justificar a perseguição contra os palestinos e que procura transformar o evento em “O Holocausto” minimizando todos os outros genocídios que já ocorreram e ainda ocorrem e esquecendo que não só eles sofreram perseguição de Hitler, além deles, ciganos, homossexuais, Testemunhas de Jeová e todas as raças fora dos padrões dos nazistas foram levados a campos de concentração. As criticas ao livro dizem que ele é perigoso pois pode incitar movimentos anti-semitas, mas não refutam seus argumentos. Ora, quem deve cuidar dos neonazistas é a policia, isso não impede que denúncias sejam feitas para minimizar os artifícios dos sionistas.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Deixem a Isabella descansar de vez

Você liga a TV de manhã e o Renato Machado está anunciando que a tia de Isabella disse em depoimento que não mexeu na cena do crime, daí você pega o carro para ir ao trabalho, liga na CBN para saber como está o trânsito e lá está o Heródoto Barbeiro contando sobre a mancha de sangue que apareceu na casa da prima da vizinha da irmã do Alexandre Nardoni, chega ao trabalho e vai ler seus e-mails e na primeira página do Yahoo aparece fotos da mãe da Isabella na missa do Padre Marcelo Rossi e conhecendo o camarim da Xuxa. Hora do almoço: o cara da mesa ao lado comenta sobre o cinismo do pai e da madrasta na entrevista pro Fantástico e não deixa de dar sua opinião sobre qual pena acha que deveria ser dada àqueles "monstros” (sic). Na volta do trabalho, para não ouvir o Nonato repetindo a notícia do Heródoto, você sintoniza na Band News e o locutor está falando sobre a reconstituição que está marcada pro próximo domingo. Finalmente em casa é ligar a TV ou conectar na internet e ter mais notícias sobre a menina que caiu do prédio.

Um país tão pacifico e sem problemas como o Brasil realmente tem que parar quando acontece um assassinato tão brutal, eu creio que se tivéssemos favelas, pessoas sendo atingidas com balas perdidas e crianças morrendo de fome aí sim iríamos falar de outro assunto mas todos sabemos que vivemos em um paraíso e quando acontece algo dessa envergadura temos que ficar indignados, fazer passeatas pela paz e encher páginas de jornais. Os jornais sempre fazem estardalhaço quando esses crimes ocorrem com os Nardonis, Richtoffens, Dell' Isollas, Friedenbachs, Otas, pessoas com sobrenomes simples e comuns que contemplam a maioria da sociedade brasileira. Se não aparece nenhum Silva ou Oliveira é porque esses sobrenomes são raros e possivelmente essas pessoas não têm passado por traumas semelhantes. Que interesse tem a história de uma mãe que matou os dois filhos negros e de classe pobre com uma moto serra no interior de São Paulo quando temos uma criança branca, de classe média alta e da capital assassinada pelo pai e pela madrasta.

Eu não vejo a hora de encerrarem logo esse caso e voltarmos a ser a terra dos sonhos que sempre fomos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Caso Daniella Perez

Caso Daniella Perez

Revi no Youtube o Globo Repórter sobre o caso Daniella Perez, na época eu já tinha visto, mas desta vez pude ver com um olhar mais critico que o de pré-adolescente indignado. De inicio temos uma reportagem sobre outras mulheres que sofreram agressões graves ou foram assassinadas por maridos e namorados, o que é um ponto positivo do programa lembrar que esse tipo de coisa está acontecendo todo dia, enquanto todos só conseguem ver o caso da atriz que foi assassinada.

No segundo bloco é que começa o horror, se anteriormente tivemos Isabela Assunção com uma reportagem bem sóbria, agora temos Marcelo Resende em sua fase pré Linha Direta, mas já com o tom sensacionalista do programa. Com pré julgamentos e fases de efeitos Marcelo já tem certeza que Guilherme de Pádua fez tudo por ser um psicopata frio e calculista, e chamando atenção para a mediocridade do ator parece querer mostrar que Guilherme agiu unicamente por inveja. Ao apresentar a versão da defesa e da acusação ele não se constrange em mostrar a segunda como a verdade final e a primeira como um delírio de uma pessoa desesperada para não ser condenada. Onde está a imparcialidade? Onde estão os questionamentos? O que a Daniella Perez fazia com seis mil dólares na bolsa? O que a levou a sair do carro? E os bilhetinhos do ator a vitima, de que se tratavam? Tudo ficou mal explicado ou sem explicação.

Marcelo pega três blocos inteiros com suas acusações e então na quinta parte temos uma surpresa, o hoje critico do que ele chama de PIG (Partido da Imprensa Golpista, que inclui a Globo), Paulo Henrique Amorim fala sobre a repercussão internacional do caso, nada estranho pois ele trabalhava na Globo na época e era seu correspondente internacional, mas precisava defender a pena de morte de forma tão descarada? Dizer que os Estados Unidos estão mais bem preparados para lidar com essas situações parece piada, não seria isso uma das manipulações que ele tanto critica em seus blogs?

Finalmente Ilze Scamparini, mais discreta se limitando a entrevistar as pessoas , mostra a carreira da atriz e as pessoas que conviveram com ela. A cultura popular diz que todos viram santos depois que morrem e como a Globo queria aumentar ainda mais o horror das pessoas com o crime eles não pouparam declarações que marcavam sua doçura, esforço e seus pontos positivos, exceção ao pai da atriz que não deixou de enfatizar que ela cresceu muito mimada e tinha todos os defeitos de criança mimada. Pior de tudo é a insistência em mostrá-la como uma atriz de peso que o Brasil adorava, sendo que a maioria das pessoas só foram prestar atenção nela após sua morte. Daniella havia feito alguns papeis, mas nada de muito memorável, na Globo fez Barriga de Aluguel, O Dono do Mundo e a própria De Corpo e Alma além de figuração em Kananga do Japão na Manchete, levando em conta que ela tinha um digamos assim "pistolão" não dá para ficar a colocando como a atriz batalhadora que vinha construindo uma carreira brilhante.

Para finalizar o programa temos as palavras da mãe Glória Perez sempre com aquela fisionomia cansada de quem leva toda dor do mundo nas costas, até hoje ela parece querer nos obrigar a lembrar todo dia de seu sofrimento com esse caso e suas novelas chatas com enorme apelo popular parecem ajudá-la nessa missão.

Por fim, o crime foi brutal e os assassinos mereceram a condenação que tiveram, fosse a Glória Perez quem decidisse a lei deveria abrir exceção pra esse caso e os assassinos serem presos em uma masmorra e a chave jogada fora, ela como mãe pode prestar a esse tipo de desabao, porém é de se questionar todo esse sensacionalismo do noticiário, tantas pessoas morrendo em hospitais e tantas pessoas sofrendo no mundo e a Globo escolhe alguém por quem o Brasil deveria chorar, alguém que morreu como tantas outras pessoas que estão até hoje injustiçadas. Claro que por ser uma pessoa (razoavelmente) conhecida seria natural a repercussão do caso, mas custa fazer uma reportagem sem manipular as emoções das pessoas? Fica o questionamento.

Para quem quiser ver o vídeo do programa no Youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=bJ5LojEBnPM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=IUyBVLqxaYY&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=HYTvgif08Sg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=ojKozUFUOCs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=jVDnvZpt-GA&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=c0dsOsaDt7k&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=vfFyoT5Qgt4&feature=related

domingo, 30 de março de 2008

O Fim

Essa semana teve fim dois programas que acompanhava na TV. O Big Brother Brasil 8 e a minissérie Queridos Amigos (sendo que o primeiro acompanhei mais por causa do segundo). E foram duas decepções, o BBB por causa dessa mania de sempre darem os prêmios a gente chata, e com isso tivemos na final uma candidata grossa como a Gyselle e o insuportável Rafinha (que ficou com o prêmio), claro que poderia ser pior se a Tathiana ganhasse, pois ninguém merece uma garota que só sabe gritar, eu torcia pela Natália ou pelo Marcos. Mas graças a Deus o programa acabou e agora teremos esse povo desaparecendo um por um da mídia como sempre ocorre, sempre ficarão uns resquícios, mas nada que possa incomodar (ou alguém se importa com Alemão aparecendo esporadicamente no Programa da Xuxa e no Esporte Espetacular?).

Agora falemos do principal, Queridos Amigos, dia após dia acompanhei a minissérie, esperando BBB´s e jogos de futebol, achando sempre tudo muito mediano, e aguardando que fosse melhorar. Mas nada. Desde o primeiro dia eu achei que o texto era fraco, com citações bobas, clichês aos borbotões, estereótipos e ainda tinha uma edição que não ajudava muito. Os bons atores como Débora Bloch, Denise Fraga, Drica Moraes, Luiz Carlos Vasconcelos entre outros é que conseguiam dar uma pouco de dignidade a série, mesmo que de brinde tivéssemos chatos como o Dan Stulbach e inexpressivos como o garoto que interpretava David, o filho do Stulbach, no geral o elenco era muito bom, se tivessem escalado um elenco médio da Globo com certeza essa obra poderia ser colocado entre as piores que a emissora já produziu, apesar das boas intenções. Mesmo o livro em que se baseia sendo anterior o tempo todo via ecos do excelente filme canadense "Invasões Bárbaras", e na comparação essa série perde feio. A Globo tem que entender que não é só um cuidado primoroso com a escalação do elenco, cenários e vestuário que salvam uma série, sem um roteiro decente e uma direção segura tudo isso vai pelo ralo. Só fortaleceu minha disposição a não acompanhar minisséries que tomei desde a patética "Um só coração".

Pra completar minha semana, hoje eu assisti "Desbravadores", sobre um garoto viking que é abandonado no novo mundo e acaba sendo criado pelos indígenas, vários anos depois ele tem que lutar contra novos invasores vikings para defender o povo que o criou. Tinha tudo para ser interessante, mas na mão do diretor do remake de "Massacre da Serra Elétrica" só tivemos um filme de aventura, sem história nenhuma, arrastado e que mostra os vikings como assassinos sem motivação que saem destruindo tudo que se move apenas pelo prazer de ver o sangue rolando. Não fossem as cenas de massacre que tenho que reconhecer que são muito violentas e não tem dó de crianças ou animais e eu poderia dizer que esse é o filme mais descartável de todos os tempos, com os devidos cortes fará sucesso na Sessão da Tarde daqui a alguns anos.

Conclusão, tivesse ficado na internet ou saído com amigos eu teria ganho mais que na frente da TV.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Xaveco e a sina dos coadjuvantes

Para quem lê as histórias da turma da Mônica deve saber de quem falo, todos já o viram nas historinhas, alguns o confundem às vezes com Humberto (outro coadjuvante que tem como referencia ser mudo), poucos se lembram de seu nome, nas histórias do Mauricio de Souza ele sempre está rodeando os personagens tentando ter seu momento de glória, mas como é apenas um desenho e nenhum roteirista se interessa por seu personagem esse dia nunca chega. Também por muito tempo ele foi um coadjuvante sem muita função, enquanto que outros personagens se propunham a dar uma panorâmica dos tipos de crianças que podemos encontrar na rua, Jeremias é o negro, Humberto, o mudo, Zé Luis, o adolescente. Já o Xaveco não tinha nada de especial, apenas aparecia para fazer número, ser mais um dos garotos que xingam a Mônica e leva coelhadas.

Seu personagem nem costuma ter coerência, enquanto que numa história sobre times de futebol ele diz ser Vasco em outra história ele rouba tinta verde da Mônica para desenhar o emblema do Palmeiras, oras o Cascão sempre é Corinthians e isso não se discute mesmo com o time rebaixado, se o Mauricio largasse de mão personagens caça níqueis como Ronaldinho Gaúcho (antes era o Pelezinho) ele poderia se atentar mais para não ocorrer esse tipo de furo.

Ah, sim. Outro dia li uma história onde se descobre que ele tem os pais divorciados, passa um fim de semana com cada um, sem traumas e tem uma irmã mais velha (que poderia ser da turma da Tina), mesmo assim foi em uma história do Dudu (meu personagem favorito da turma). Até os outros personagens fazem troça, o Cebolinha tem um sonho em que vira astronauta e um repórter vem entrevista-lo, esse repórter é o Xaveco e então o Cebolinha comenta, "Quem diria que um personagem coadjuvante um dia seria repórter". Será que um dia esses personagens que não fazem parte do quarteto (Mônica, Cascão, Cebolinha e Magali) terão seus dias de glória? Será que terão que fazer greve de fome como a Magali fez na época em que ainda não tinha uma revista? Só o tempo dirá.

terça-feira, 4 de março de 2008

Música Caipira

Como todo bom goiano eu deveria ser um admirador de música sertaneja, mas não sou, porém antes de me sentir um verdadeiro paria, um antipatriota ou qualquer coisa desse gênero eu tenho que dizer que respeito esse estilo de música principalmente a que chamamos música de raiz, e já passei da fase de chamar músicas de Zezé di Camargo & Luciano (eles são bregas e não mudo minha opinião mesmo que Bob Dylan ou Chico Buarque resolva gravá-los), Leonardo, Rick & Renner e cia. de música de corno, por mais que sejam chatas, grudentas e repetitivas.

Quanto a músicas caipiras eu talvez não chegue ao ponto de comprar um CD desse subgênero, mas de tanto meu pai ouvir comecei a ter simpatias por canções de alguns de seus interpretes preferidos, gente como Tonico & Tinoco, Liu & Leo, Cascatinha & Inhana, Sergio Reis... São músicas com histórias tristes, melancólicas, nostálgicas e que às vezes dão um nó na garganta. Falam da terra, de amores impossíveis, mortes, religiosidade, de assombrações, de um tempo que já passou. Algumas podem parecer piegas, mas eram colocados os sentimentos do homem simples do interior naquelas letras, é como diz a letra de "Tristeza do Jeca”... "Nessa viola eu canto e gemo de verdade, cada toada representa uma saudade"...Para quem está querendo entrar nesse universo fiz uma seleção das músicas mais caracteristicas:
1- India- Cascatinha & Inhana
Declaração de amor a uma índia
2- Sementinha- Liu & Leo
A triste história de um cara que perdeu a amada pouco antes do casamento e plantou uma roseira em seu tumulo

3- Menina da Aldeia- Lourenço & Lourival

Conta a história de uns marmanjos que tiravam sarro quando criança de uma garotinha feia e depois descobrem que ela se tornou uma moça muito linda

4- Menino da Porteira - Sergio Reis

Um boiadeiro viajante se encanta com um garoto que sempre lhe abria a porteira e pedia que tocasse o berrante, um dia ele retorna e o garoto não está mais lá, uma tragédia aconteceu.

5- Tristeza do Jeca - Tonico & Tinoco e muitos outros
Clássico que dispensa apresentações.

6- Ipê e o Prisioneiro - Tião Carreiro e Pardinho
Um cara que vai pra prisão por um crime de honra e acompanha o crescimento de um ipê cobrindo a visão de sua janela

7- Tudo de Renato Teixeira na voz de qualquer pessoa

8 - Cuitelinho - Pena Branca e Xavantinho
Outro clássico

9- Relógio Quebrado - Lourenço e Lourival
Um irmão bastante religioso promete provar ao irmão incrédulo a existência de mais mistérios entre o céu e a terra que imagina nossa vã filosofia (não com essas palavras, mas é esse o sentido).

10 - Qualquer gravação de Luar do Sertão e Rancho Fundo.


Essa não é uma coletânea definitiva sobre o assunto, mas foram as músicas que foram vindo a minha cabeça enquanto eu escrevia, têm muitas outras que deveriam estar aí... Mas não quero enfadar ninguém. Espero que se divirtam com essas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Auto ajuda por e-mail

Se eu for contar o número de correntes que apaguei sem dar continuidade, do tanto de gente que eu deixei de avisar que o orkut está apagando perfis, creio que já era para eu ter morrido e ficado sem nenhum contato no site de relacionamentos. Todos odeiam correntes, se todos odeiam, quem manda? Por qual motivo eu continuo recebendo até hoje a notícia de que escavadores russos acharam o portal do inferno, que a Nestlé está dando brindes para quem enviar mais e-mails e outras mensagens? Mistério.

Porém eu nem me importo muito com correntes, o que me irrita mais são mensagens de auto ajuda com tom reacionário que muita gente envia sem nem parar para analisar o conteúdo.
Vejam essa que recebi por último. Em vermelho é o texto que recebi, em preto minhas considerações.

O título é "Quero voltar a ser feliz", power point, e uma imagem de uma velhinha branca na janela com cara de triste (ou seria de rabugenta?).

Fui criada com princípios morais comuns.
Quais seriam esses princípios, afinal ela parece ser de um tempo em que a sociedade era preconceituosa e excludente.

Quando criança, ladrões tinham a aparência de ladrões e nossa única preocupação em relação à segurança era a de que os “lanterninhas” dos cinemas nos expulsassem devido às batidas com os pés no chão quando uma determinada música era tocada no início dos filmes, nas matinês de domingo.
Qual seria a aparência de um ladrão? Seria um negro com uma meia calça na cabeça e uma arma mixuruca?

Mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades presumidas, dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos, e/ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder deseducadamente à policiais, mestres, aos mais idosos, autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais e mães de todas as crianças da rua, do bairro, da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror.
Deve ser mesmo muito difícil conseguir respeito com um cinto ou uma palmatória na mão. Sem falar que policiais tinham autonomia para soltar ou prender quem quisesse. E abusar o quanto quisesse de sua autoridade.

Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror. Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos. Por tudo que meus filhos um dia temerão. Pelo medo no olhar de crianças, jovens, velhos e adultos. Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar, roubar, enganar, passar a perna, tudo virou banalidade de notícias policiais, esquecidas após o primeiro intervalo comercial.
O primeiro crime da humanidade foi um irmão assassinando o outro e ela vem querer me convencer que isso só acontece hoje em dia.

Agentes de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de indústrias de multas. Policiais em blitz é abuso de autoridade. Regalias em presídios são matéria votada em reuniões. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadões honestos. Não levar vantagem é ser otário. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo, anistia para os caloteiros de plantão.
Na época dela deve que era bom, policial batia no preso e todo mundo achava justo, até porque nunca acontecia de prenderem alguém por engano, um inocente nunca ia preso, os investigadores eram os melhores e rico ia pra cadeia quando cometia crimes.

Ladrões de terno e gravata, assassinos com cara de anjo, pedófilos de cabelos brancos. O que aconteceu conosco?
Que absurdo, isso está muito errado, bandido tem que usar roupa esfarrapada e ter cara de mau, como nos desenhos.

Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Crianças morrendo de fome de morte. Que valores são esses?
Como isso é moderno, realmente antigamente as pessoas não morriam de fome e não eram assaltadas nunca.

Carros que valem mais que abraço, filhos querendo-os como brindes por passar de ano. Celulares nas mochilas dos recém saídos das fraldas. TV, DVD, vídeo-game, o que vai querer em troca desse abraço, meu filho?Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo. Mais vale um baseado do que um sorvete. Mais vale dois vinténs do que um gosto.
Não entendi esse finalzinho, mas vejamos, se na época dela um carro era mais barato que um abraço então realmente eu quero voltar no tempo, depois, em outras épocas as posses das pessoas contavam até mais do que hoje, pessoas não votavam se não tivessem dinheiro e existiam leis que garantiam que fidalgos não fossem presos.

Que lares são esses?Jovens ausentes, pais ausentes, droga presente e o presente uma droga. O que é aquilo? Uma árvore, uma galinha, uma estrela, uma flor. Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo?
De novo não entendi muito bem, mas acho que essa é a parte poética do texto.

Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho? Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado sem sentir medo?Quando foi que me fechei?Quero de volta a minha dignidade, a minha paz. Quero de volta a lei e a ordem, a liberdade com segurança. Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores. Quero sentar na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão. Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho no olho. Quero a vergonha, a solidariedade. Quero a esperança, a alegria.
Só faltou pedir um general como presidente. Quero que os pobres voltem a viver nos guetos e eu aqui protegida de tudo e todos. Quero que o jornal só noticie aquilo que for do interesse da elite. Quero trabalhadores mal pagos sustentando meu luxo.

Teto para todos, comida na mesa, saúde a mil não quero listas de animais em extinção. Não quero clone de gente, quero cópia das letras de músicas, cultura e ciência. Eu quero voltar a ser feliz! Quero dizer basta a esta inversão de valores e ideais. Quero calar a boca de quem diz: “ a nível de”, enquanto pessoa.Abaixo o “TER”, viva o “SER”!
Parece promessa de miss... Primeiro tudo que eu quero, se sobrar tempo pode ter teto, comida e saúde para todos, ela se esqueceu de falar dos índios em extinção que eram mortos sem dó nem piedade nas épocas em que ela tanto admira, dos escravos açoitados pouco ante dela nascer (ah, esqueci, isso não é importante, as famílias eram unidas e isso que importa)

E viva o retorno da verdadeira vida, simples como uma gota de chuva, limpa como um céu de abril, leve como a brisa da manhã! E definitivamente comum, como eu. Adoro o meu mundo simples e comum.Vamos voltar a ser “gente”? Ter o amor, a solidariedade, a fraternidade como base. A indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito... Discordar do absurdo. Construir sempre um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Não... se você e eu fizermos nossa parte e contaminarmos mais pessoas, e essas pessoas contaminarem mais pessoas...hein?Quem sabe?...
Só faltou dizer que quem não contaminar 100 pessoas irá sofrer de pedras nos rins e outros males. Eu quero um mundo mais justo, como ela, a diferença é que minha visão de mundo mais justo passa ao largo desse emaranhado de pensamentos fascistas e maniqueístas. Não é voltando ao passado (onde coisas piores que as de hoje aconteciam, só que tudo era acobertado) que resolveremos o presente.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Mais Rápido Gata! Mate, Mate

Carros turbinados, garotas com seios idem, atores canastroes, diálogos divertidos e afiados, tudo isso compõe um dos filmes mais legais que vi nos últimos dias, seu nome Faster Pussycat! Kill, Kill... O diretos Russ Meyer(ex- fotografo da Playboy) que ficou famoso levar as telas de cinema historias com garotas sexy deu ao mundo na década de 60 essa pérola que eu assisti hoje e que não decepciona nem uma pessoa acostumada com os filmes video-clip de hoje em dia, um filme que influenciou pessoas do porte de Quentin Tarantino. Seria algo como "As Panteras" com garotas más, enquanto os homens são apenas coadjuvantes, fracos ou pouco inteligentes.

A história é bem simples, três strippers rodam pelo deserto apostando racha e acabam encontrando um casal meio abobalhado. Elas apostam uma corrida com o cara e uma delas acaba o matando, depois disso elas sequestram a garota que o acompanhava para que ela não cause problemas e acabam indo parar em um rancho onde um velho maluco vive com seus dois filhos, um musculoso porém com poucos neuronios e o outro mais sensato e pelo que deu para entender razoavelmente culto. As situações são risiveis e alguns dialogos inacreditaveis e tudo isso torna um filme uma experiencia super agradável, tanto que mal dá para ver o tempo passar, quando se vê o filme já está acabando e deixando um gosto de quero mais.

Sobre as pussycats, Varla(a atriz lembra a Maila Nurmi) a líder das strippers é uma mulher ambiciosa e cruel que não se importa em matar para conseguir seus obejtivos. Rosie(a atriz lembra a Eva Mendes) é super fiel a Varla e nutre uma certa paixão pela companheira. Billie é mais romantica e parece acompanhar as outras duas apenas por falta de opção. Tarantino anunciou o intersesse em fazer uma nova versão desse filme com Britney Spears, espero que a idéia vá adiante, talvez assim esse pequeno "clássico" aporte em dvd nacional.